sábado, 17 de novembro de 2012

O DIREITO À CULTURA



O direito à cultura é um direito fundamental. A cultura não é um luxo de privilegiados, mas uma necessidade de todos os homens.
Um homem condenado à ignorância é alguém a quem foi roubada uma parte do seu direito à vida.
Todos nascemos para uma vida verdadeiramente humana, o que não significa apenas o direito à saúde, ao trabalho, ao pão e à casa, mas também o direito à liberdade e à dignidade de saber, escolher e criar.
E é o direito à cultura que garante e defende os outros direitos, já que o homem sem cultura é sempre enganado e explorado. Pode ser explorado pelo capitalista e pode ser explorado pelo falso revolucionário. Pode ser iludido pelo patrão a quem dá o seu trabalho e pode ser iludido pelo governo a quem dá o seu voto. Pode ser enganado pela propaganda política e pode ser enganado pela propaganda comercial.
E é por isso que a cultura é necessária à liberdade. Liberdade significa possibilidade e o homem que não tem acesso à cultura da sociedade do tempo em que vive não tem, dentro desse tempo e dessa sociedade, uma possibilidade real de escolher e de decidir. Onde a maioria das populações estiverem culturalmente alienadas, a democracia será sempre parcial, incompleta e, em muitos aspectos, formal.
E no mundo em que vivemos é necessário que a cultura possa funcionar como antipoder.
Sophia de Mello Breyner
“Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam! Não duro nem para metade da livraria! Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão... estou perdido.” Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro