quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Hora B - Um palhaço triste no Carnaval

Iolanda Vilar, encarregada de educação do Rui, aluno desta escola, veio hoje à nossa biblioteca.

A sua profissão de jornalista, suscitou a curiosidade dos alunos do 1.º B e do 1.º D que a esperavam, mas, o que verdadeiramente os encantou foi a belíssima história que Iolanda Vilar criou propositadamente para lhes oferecer nesta época de Carnaval.

Lê no blog da tua Biblioteca Escolar a história de Pepito, o palhaço que ficou triste no Carnaval.


Um palhaço triste no Carnaval


A história que vos vou contar é séria e de encantar. Se começar por “era uma vez” era outra vez a mesma coisa…. Mas aqui vai.

Nada mais sério há para os palhaços que o Carnaval. Dizem os entendidos que nessa altura ninguém leva a mal e os palhaços têm de trabalhar… pois claro.

O palhaço Pepito era um deles! De sorriso sempre no rosto, de fato bem aprumado, nesta altura andava sempre bem-humorado! A azáfama era grande na costureira Mimi. -“Dá-me a agulha, a linha que está ali e acoli!”- dizia a velha costureira já muito habituada a exigências da palhaçada.

Entre fitas e berloques, fatos e papelotes lá estava o fato do Pepito. Ele não era um palhaço qualquer. Não tinha mulher e vivia numa caravana bem no meio da savana. De rosto sempre pintado ele era um palhaço refinado. Conhecido em todo o mundo pela sua elegância e alguma extravagância tinha mil e um fatos de mil cores. Mas o deste Carnaval, aaaiii seria o tal!. Tinha de ser especial.

A costureira Mimi lá se esmerou e o Pepito esperou. E já estava a desesperar. Agora os meninos perguntam: - Mas quem é o Pepito? - Pepito era um palhaço mais que remediado. Tinha herdado do tio um laço, um estojo de maquilhagem e muita outra bagagem. Não era rico mas parecia-se como tal. E os seus fatos de Carnaval quase faziam sombra ao do palhaço rico.

Mas vamos ao que reza a história. Já se aproximava o Carnaval e Pepito estava ansioso. Até lhe doía a barriga de tanta corrida para a casa da Mimi, para ver se tudo funcionava se no fato respirava. É que o Pepito andava a comer demais….

O fato chegou! Que alegria, que folia! Para os palhaços o fato do dia de gala é uma coisa fenomenal! Mas… espantam-se os meninos. Faltava um botão ao fato. Um botão reluzente, brilhante e bonito tinha caído do fato. Mas onde parava o botão, pois então!? A correr nos seus sapatos quase que tropeçava, mas continuou a correr em direcção à casa da Dona Mimi.

Procuraram, procuram e nada encontraram. Ele até teve vontade de chorar, mas não podia, para a maquilhagem não estragar! O botão que lá havia, não condizia com o seu fato… Que tristeza!

Que vergonha seria aparecer no dia do espectáculo todo mal trajado! Os amigos do Pepito já não sabiam o que fazer: tanta lágrima, que poderia estragar a sua bela maquilhagem.

Mas, houve então quem arranjasse uma solução: uma tampa; credo, pois não! Mas o que poderia substituir o botão??? O palhaço Pepito sentia-se pior que um ovo estrelado! Estava mesmo chateado!

Botões velhos tinha a Dona Mimi, que sobra, mas que nunca na vida colocava no seu fato! Ideias… ideias não surgia nenhuma, com as lojas todas fechadas seria o fim da macacada aparecer sem botão!

Muito se iam rir os outros palhaços pobretanas, com aquelas carantonhas e sem pestanas! Nem queria pensar numa tal coisa!

Foi então que o soldadinho de chumbo teve uma linda ideia: no seu baú antigo tinha muitas coisas de encantar, recordações de guerra e paz, que um soldado antigo deve guardar. Remexeu e mexeu até que algo brilhante encontrou: eis que era um botão! Belo, reluzente, que tinha sido oferecido por uma dama apaixonada!

Numa correria, o soldado lá entregou o botão. Que alegria se via dos olhos do Pepito. Resolvido o problema, as mãos de fada da dona Mimi coseram o botão. Mas que bem ficava e nem destoava.
Estava já perto a hora do espectáculo e nem mesmo a má cara dos palhaços das carantonhas fez parar o Pepito: era mais uma noite de glória e nem mesmo o botão perdido lhe tinha feito perder a hora! É hora de alegria! E viva ao circo!

Iolanda Vilar
Jornalista Douro Hoje


A imagem de palhaço que ilustra este conto é da autoria de Pablo Picasso, um dos pintores mais famosos de todo o mundo.
Pablo Picasso foi o co-fundador do Cubismo, juntamente com Georges Braque.

Sabias que o nome completo deste pintor nascido em Málaga, na Espanha, em 1881, era Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso?

Que trabalheira memorizar um nome tão extenso!

Sabe mais sobre a vida e obra deste pintor na tua biblioteca
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