No
dia 2 de abril comemora-se o nascimento de Hans
Christian Andersen. A partir de 1967, esta data passou a assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção
para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros
para a infância.
Todos os anos, o IBBY (International Board on Books for Young People) convida um autor de um dos países membros para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil com uma mensagem que celebre a prazer da leitura e a importância da literatura para os mais novos. Em Portugal, esta mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é acompanhada de um cartaz com uma ilustração de Ana Biscaia, que venceu em 2013 o Prémio Nacional de Ilustração.
A Biblioteca do Centro Escolar de Lamego celebrou este dia com a colaboração da Turma do 4º F, que, numa verdadeira maratona, levou a todas as salas de aula, da educação pré-escolar e do 1º CEB, animados momentos de poesia ao ritmo do rap.
Todos os anos, o IBBY (International Board on Books for Young People) convida um autor de um dos países membros para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil com uma mensagem que celebre a prazer da leitura e a importância da literatura para os mais novos. Em Portugal, esta mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é acompanhada de um cartaz com uma ilustração de Ana Biscaia, que venceu em 2013 o Prémio Nacional de Ilustração.
A Biblioteca do Centro Escolar de Lamego celebrou este dia com a colaboração da Turma do 4º F, que, numa verdadeira maratona, levou a todas as salas de aula, da educação pré-escolar e do 1º CEB, animados momentos de poesia ao ritmo do rap.
A seguir pode ler-se a tradução em português da mensagem de Siobhán Parkinson difundida pelo DGLAB (Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas):
CARTA ÀS CRIANÇAS DE TODO O MUNDO
CARTA ÀS CRIANÇAS DE TODO O MUNDO
Os
leitores perguntam muitas vezes aos escritores como é que escrevem
as suas histórias – de onde vêm as ideias? Da minha imaginação,
responde o escritor. Ah, sim, dizem os leitores. Mas onde fica a
imaginação, de que é que ela é feita, e será que todos temos
uma?
Bem, diz o escritor, fica na minha cabeça, claro, e é feita de imagens e palavras e memórias e vestígios de outras histórias e palavras e fragmentos de coisas e melodias e pensamentos e rostos e monstros e formas e palavras e movimentos e palavras e ondas e arabescos e paisagens e palavras e perfumes e sentimentos e cores e ritmos e pequenos cliques e flashes e sabores e explosões de energia e enigmas e brisas e palavras. E fica tudo a girar lá dentro e a cantar e a parecer um caleidoscópio e a flutuar e a pousar e a pensar e a arranhar a cabeça.
Claro que todos temos uma imaginação: se assim não fosse, não seríamos capazes de sonhar. Contudo, nem todas as imaginações são feitas das mesmas coisas. A imaginação dos cozinheiros tem sobretudo paladares e a dos artistas mais cores e formas. Mas a imaginação dos escritores está cheia de palavras.
Bem, diz o escritor, fica na minha cabeça, claro, e é feita de imagens e palavras e memórias e vestígios de outras histórias e palavras e fragmentos de coisas e melodias e pensamentos e rostos e monstros e formas e palavras e movimentos e palavras e ondas e arabescos e paisagens e palavras e perfumes e sentimentos e cores e ritmos e pequenos cliques e flashes e sabores e explosões de energia e enigmas e brisas e palavras. E fica tudo a girar lá dentro e a cantar e a parecer um caleidoscópio e a flutuar e a pousar e a pensar e a arranhar a cabeça.
Claro que todos temos uma imaginação: se assim não fosse, não seríamos capazes de sonhar. Contudo, nem todas as imaginações são feitas das mesmas coisas. A imaginação dos cozinheiros tem sobretudo paladares e a dos artistas mais cores e formas. Mas a imaginação dos escritores está cheia de palavras.
E nos
leitores e ouvintes das histórias, as imaginações fazem-se com
palavras também. A imaginação do escritor trabalha e gira e molda
ideias e sons e vozes e personagens e acontecimentos numa história,
e a história é apenas feita de palavras, batalhões de rabiscos que
marcham ao longo das páginas. E depois chega o leitor e os rabiscos
ganham vida. Ficam na página, parecem ainda rabiscos, mas também
brincam na imaginação do leitor, e o leitor começa igualmente a
desenhar e a rodar as palavras de modo a que a história se crie
agora na sua cabeça, tal como tinha acontecido na cabeça do
escritor.
É por isso
que o leitor é tão importante para a história como o escritor. Há
apenas um escritor para cada história, mas há centenas ou milhares
ou mesmo milhões de leitores, na própria língua do escritor ou
traduzida para muitas línguas. Sem o escritor, a história nunca
teria nascido; mas sem os milhares de leitores em todo o mundo, a
história não viveria todas as vidas que pode viver.
Cada leitor
de uma história tem alguma coisa em comum com os outros leitores da
mesma história. Separadamente, mas também em conjunto, eles recriam
a história do escritor com a sua própria imaginação: um ato ao
mesmo tempo privado e público, individual e coletivo, íntimo e
internacional. Isto deve ser o aquilo que o ser humano faz
melhor.
Continua a ler!
Continua a ler!
Siobhán Parkinson
Autora, editora, tradutora e distinguida com o Laureate na nÓg (Children’s Laureate of Ireland).
Tradução portuguesa: Maria Carlos Loureiro
Autora, editora, tradutora e distinguida com o Laureate na nÓg (Children’s Laureate of Ireland).
Tradução portuguesa: Maria Carlos Loureiro